segunda-feira, 8 de agosto de 2016

"Os espertos"...




"Os espertos"...

Duas saídas nocturnas, 
dois episódios que "não matam, mas moem", a lamentar.
Infelizmente a crise de valores e respeito pelos outros,
manifesta-se um bocadinho por todos os lugares.
Vou sempre com antecedência para qualquer compromisso que tenha marcado,
pois detesto que haja o hábito de não cumprir horários.
O mesmo acontece quando quero assistir a algum espectáculo de rua,
como foi o caso deste fim de semana - a "noite de fados em Cascais" 
e as "Memórias de luz em Oeiras".

Estava sentada na minha fila a assistir aos fados, 
quando actuava a ultima fadista da lista,
eis que chega um casal que se coloca em pé precisamente à minha frente,
entre a minha cadeira e a cadeira da fila seguinte.
Pensei que tinham ido só tirar uma foto e aguardei um bocadinho.
Quando me apercebi que tinham vindo para ficar, 
pedi à jovem que se desviasse para o lado, para eu poder ver.
Com ar de enfado desviou-se mas veio logo o cavalheiro para o lugar dela.
Quando lhe disse "desculpe, mas eu não consigo ver nada",
com riso arrogante diz "bastava pedir" e quando vai embora,
volta a bradar  bem alto com o mesmo ar arrogante e o mesmo riso "bastava pedir".
Eu que estava ali sentada desde as 21,30h, às 23h tinha que lhe pedir 
se me deixava assistir ao espectáculo.

Na noite anterior, em Oeiras, estávamos na fila junto ao portão para entrar,
quando chegou um grupo vindo do sentido oposto 
e uma senhora se dirigiu a um policia de transito ali presente 
que lhe disse que não precisava ir para o fim da fila e assim se formou novo cordão.
Quando lhe observamos que a fila era onde estávamos
e como é que ele ia fazer para aquelas pessoas entrarem, 
pois já lá estávamos há 30 minutos bem como a restante fila,
a resposta dele foi que isso não lhe interessava, mas sim a segurança.
Pois se ele achava que as pessoas não estavam seguras atrás das baías,
porque não providenciou o fecho da rua antes do espectáculo?

Fico parva com a noção de respeito que se tem pelos outros. 
Ouvi há tempos uma entrevista com um humorista muito popular,
em que ele dizia que normalmente não respeitava as filas de transito
e que não percebia porque ficavam as pessoas chateadas quando 
ele guinava e se encaixava entre elas, pois era sinal que eram nabos e ele era
"o esperto"...
Pois é, a noção que ele tem de esperto, é a mesma noção que eu tenho
de desrespeitador e de gente que pensa que o mundo gira à volta do seu umbigo.
As pessoas que acham que todos os outros são invisíveis,
é que contribuem para a crise de valores e mau funcionamento da vida social.

Li a semana passada um artigo em defesa da disciplina "civismo" ser obrigatória no ensino.
Não podia estar mais de acordo. 
Sem civismo não se consegue viver em sociedade.

O respeito pelo nosso semelhante é um principio básico e é vital.
Em nome da sobrevivência - respeito,
mas exigirei sempre que me respeitem.

(e depois dizem que tenho mau feitio... )

Benvinda Neves



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