terça-feira, 1 de outubro de 2013

Protesto...



Protesto...

Hoje o céu está cinzento, muito escuro, cor de chumbo,
É fim de tarde e adivinha-se temporal para a noite.

As gaivotas abandonaram as praias,
Vejo-as em bandos dispersos,
Que imagino serem grupos familiares.
Pairam lá em cima, não muito longe,
Tentando equilibrar-se no vento.

Costumo querer dançar como as gaivotas,
Mas hoje, com este soprar tão forte,
Elas parecem-me marionetas, 
Manipuladas por mãos loucas.
Dançam descoordenadas, quase sem sair do mesmo sítio.
Algumas vezes parecem cair de repente,
Como se um fio as largasse e as puxasse de novo,
Quando quase atingem o solo.

Não gosto de ver as gaivotas manietadas,
Amarradas à vontade alheia.

Não fora isso, abandonaria também a praia,
Para me juntar no seu protesto,
Numa dança frenética para que volte o sol.

O tempo contagia-me a alma...
Deprimem-me os dias tristemente escuros,
Em que o mundo parece chorar.
Nunca gostei de lágrimas...


Benvinda Neves
Outubro 2013


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