domingo, 29 de setembro de 2013

A idade da verdade…



A idade da verdade…

“Mãe….Mãeeee…quelo tê uma baliga igual aquela senhola”...
Ouvi outro dia enquanto saía da água e passava junto a uma família.
Será que ouvi bem? O que levará uma menina de três ou quatro anos dizer à mãe que quer ter uma barriga igual à daquela senhora?!

Deito-me na toalha enquanto ouvia aquela voz de querubim repetir incessantemente a frase, na sua vozinha cheia de mimo.
Olho, conforme olham outros olhos ali ao redor - e vejo a mãe abanar o braço da criança enquanto a mandava calar com um “chiu, filha cala-te” – e eis que reparo que a barriga cobiçada era a minha…

Deus, uma das coisas que menos desejo é que reparem na barriga, que podia ser menos protuberante, mas que também não tem um tamanho que possa ser motivo de cobiça por uma criança mais ambiciosa.
Aquilo intrigou-me e intrigou também a mãe da petiza, que não a conseguindo silenciar acabou por perguntar “ oh filhinha, e porque queres tu uma barriga igual à daquela senhora?”, “porque ela não tem umbigo e as outras barrigas têm”.
“Claro que a senhora tem umbigo, está é metido para dentro” – e lá dei eu um jeitinho de lado para a menina confirmar e acabar por sossegar.

Faz-me lembrar um dia em que cheirou muito mal no autocarro e que por descrição toda a gente se manteve calada, mas quando cheirou mal pela segunda vez, uma avó que levava a neta ao colo, também uma menina com cerca de quatro anos disse em voz muito alta “ que horror, que cheiro horrível, esta gente é muito porca”, ao que se ouve em seguida uma vozinha de anjo “fui eu avó, doí-me a barriga” – gargalhada geral entre a atrapalhação da senhora que não sabia se repreendia a garota ou se ria também.

Ou ainda uma história que me foi contada por uma amiga tendo como protagonista a filha que teria também esta idade. Costumava a criança ir para a cama dos pais, quando o pai não estava em casa, porque o pai normalmente só vinha aos fins-de-semana e eis que a pequerrucha um dia sentada no colo da mãe, também no autocarro a caminho de casa, pergunta em voz alta “mãe, mãe… com quem vais dormir esta noite?”

São assim as crianças, em certas idades, simples nos seus desejos 
e nas suas verdades.

Benvinda Neves

Setembro 2013

sábado, 28 de setembro de 2013

alimentar o espírito...


Nenhum "Homem é completo",
Se alimentar o corpo
 e se esquecer de alimentar o espírito...



Podemos alimentar o  espírito com todos os nossos sentidos.
A natureza é infindável e incansavel em nos mostrar.

Benvinda Neves



Desassossego…





Desassossego…

Vou no alvoroço do vento,
Porque há vezes em que não contenho o desassossego,
Que se liberta das amarras a que o condeno.

Crescem lentamente nuvens de tempestade,
Nas coisas que não arrumámos no tempo
E soltam-se em chuva repentina,
Nas noites em que a lua se esquece de iluminar.

Hoje se vires nascer fogo na noite,
Saberás que incendiei o mundo,
Porque não suporto noites sem luar.

Arde a solidão condenada pelo medo,
Queima o silêncio como réu que se atribuiu sentença,
Vaidade e orgulho de a si próprio não saber perdoar.

Triste a sombra que se abateu sobre a alegria de se ousar,
Sabe a sal o  perfumado mel,
Constrangem-se no peito as duvidas,
Diluem-se no tempo as lembranças.

Vou no alvoroço do vento…
Porque há noites em que não contenho o desassossego,
Que me incendeia a alma e me obriga a liberta-la.

Benvinda Neves
Setembro 2013

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Maravilhosas as cores do Céu...

Maravilhosas as cores do Céu...







Benvinda Neves

Nem bem…nem mal disposta…



Nem bem…nem mal disposta…

Há dias assim… como o de hoje, em que não posso dizer que acordei mal disposta, mas também não acordei bem-disposta.

Sonhei imenso, uns atrás dos outros, sonhos em turbilhões, numa mistura enorme entre passado, presente e fantasia – às vezes acordo baralhada.
Tenho esta péssima “mania” de fazer durante a noite “coquetel” extravagante em que misturo o que não devia e com uma realidade tal que me leva a acordar.

Seja essa a razão ou outra qualquer, apesar de me ter deitado perto da uma da manhã, acordei às cinco, bem-disposta – até tactear na escuridão para acender a luz, olhar para o relógio e ficar “meio-telhuda”- não me vou levantar a esta hora.

Gostava mesmo de conseguir dormir bem…não sei porque acordo, quando sinto que precisava ter dormido mais.
Pareço um zombie nas primeiras horas da manhã, demoro a fazer tudo e preciso de muito tempo, porque detesto que o dia comece com pressa.
Que ninguém tenha que esperar por mim, porque mesmo que não me diga nada, tenho a certeza que está a apressar-me e isso deixa-me irritada.
Odeio esperar, mas odeio igualmente que me esperem.

Hoje foi mesmo daqueles dias em que precisei de muito mais tempo…
Tenho um roupeiro com um tamanho razoável, onde guardo apenas a roupa da época, mas bem me fartei de olhar lá para dentro, com as portas escancaradas e nada naquele maldito armário me agradava.
Talvez “mude” durante a noite, mas tem manhãs em que tudo me fica horrível:
 “-Como raio me está isto hoje tão apertado? Pareço um salpicão”
“-Olha a treta deste tecido deve dar de si, não me lembro disto me ficar tão largo, parece um saco.”
 “-Não vou pôr esta cor hoje, vou parecer um cadáver...”
“-Isto não fica nada bem com os sapatos nem com a mala e esses não vou trocar…”
“Onde  é que eu tinha a cabeça quando comprei isto, nunca vou vestir, nem parece meu…”

Podia enumerar mais uma dúzia de pensamentos que me ocorrem, mas a realidade é que a única frase verdadeira é:
“Droga, hoje não me apetece vestir nada, porque não me apetecia sair para ir trabalhar.”
Se fosse para ir passear à beira-mar, tenho a certeza que qualquer coisa servia.

Cerca de uma hora depois entro na cozinha para o pequeno-almoço, ainda meio-convencida, mas pronta.

Depois foi aquilo que podemos chamar a cereja no topo do bolo – quando retiro a caneca do leite quente, bato com ela na porta do micro-ondas e fico com o vestido a pingar…

Conclusão, uma mulher só precisa de cinco minutos para se arranjar – pois julgo que foi exactamente o tempo que demorei a escolher outro vestido a vestir-me e a sair de casa.

Benvinda Neves

26 Setembro 2013




quarta-feira, 25 de setembro de 2013

domingo, 22 de setembro de 2013

Beleza...


Se algum dia duvidássemos que a beleza nos fascina,
Bastaria que olhássemos
 A perfeição e simplicidade de uma Rosa...


(admiro muito a beleza de todas as flores,
parecendo frágeis, 
surpreende-me imenso a sua resistência)

Benvinda Neves

Há quem se apaixone por nós...


Há quem se apaixone por nós...
 Sem sabermos porquê.

Também nos apaixonamos por outros, 
Sem que encontremos razão que o justifique.
(pelo contrário, às vezes achamos um absurdo...)

A paixão deveria ser a forma mais simples
de gerirmos o mundo,
Mas é sempre
 a forma mais complicada que encontramos...



(esta gata apaixonou-se por mim - tudo o que quer é festas,
faz-me este olhar irresistível, 
enquanto se enrosca nas minhas pernas.

Deveríamos ser "simples" como todos os bichos)

Benvinda Neves


sábado, 21 de setembro de 2013

Último dia de Verão…




Último dia de Verão…


Estupendo o dia de hoje o último do Verão deste ano.
Uma tarde magnífica, com uma temperatura e um mar que convidavam a banhos.

Adoro praia, gosto de sentir o corpo solto e livre entregue à pura preguiça de me estiraçar sobre a areia e aquecer ao sol, até começar a escorrer.
Quando atinge o ponto de “ebulição” lá vai mais uma “banhoca” para refrescar.

Não sou nada bonita assim “esparramada” sobre a areia, com uma perna e um braço para cada lado – tenho este mau hábito de me deitar e conquistar o espaço em volta.
Mas que prazer nos daria despirmo-nos e deitarmo-nos ao sol, se não fosse a boa sensação de voltarmos às origens?

Com os anos, sabe-me ainda melhor a praia, porque deixaram de me preocupar “as covas nas coxas”, o “pneu na cintura “,a “perna coxa”, a “marreca costurada” ou qualquer olhar que pudesse interpretar como avaliador.
Com a idade adquiri a capacidade de sorrir e dizer a quem está comigo:
 “nada de invejar o que não lhes pertence”.
Tudo o que quero é gozar o prazer de me sentir feliz em cada momento.

Gosto de dormitar ao sol, quando este não queima demais.
Foi o que aconteceu esta tarde, vim da água, estendi-me na toalha, fechei os olhos e como que por magia entrei em sincronia com o universo.
Entre o marejar das ondas e o riso das crianças, à beira-mar, enquanto pensava “que a praia é muito melhor assim, com menos gente”,
pairei na leve brisa do final de dia.
É boa a sensação de nos “ausentarmos momentaneamente” indiferentes ao facto de estarmos rodeados por desconhecidos – deve significar que no nosso subconsciente o mundo ainda é um lugar que confiamos.

Gosto de mar fresco e calmo, de areia e sol quentes, de risos de crianças nas suas brincadeiras junto à rebentação, de livros meio lidos sobre as toalhas, de sorrisos e conversas descontraídas, do dormitar ao entardecer, de olhares com reflexos, sabor e cheiros de maresia.

Gosto de uma bela tarde à beira mar, dias assim fazem-me feliz.

Benvinda Neves
21 Setembro 2013

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Escola de Escalada na Guia - Cascais

Escola de Escalada na Guia - CASCAIS

(o dia a dia nem sempre nos coloca desafios suficientes.
Às vezes precisamos de sentir que nos superamos.
Vencer os nossos medos, aumenta a nossa auto-estima)







Benvinda Neves


segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Céu de Inverno em noite de Verão

Céu de Inverno em noite de Verão





Benvinda Neves

Vida…



Vida…

Pássaro decidido, de asas estendidas rasgando o azul do céu,
E observando-o desencadeia-se em catadupas o pensamento,
Que me leva livre na mistura das brisas do mar e da serra,
Que inundam de cheiros e cores esta manhã límpida de final de Verão.

Saboreio o profundo respirar
E olhando o infinito oceano, descrevo a vida,
Como dito de quem vai ao mar,
“Isco menor, peixe pequeno.”

Assim a vida tem o tamanho do nosso mundo,
Pequena para quem conhece e deseja pouco,
Grande para quem arrisca e deseja conhecer sempre mais.

Há quem se sinta feliz entre a cerca que criou
E que guarda ciosamente receando invasores.
Para outros o mundo é um desafio continuo,
Não há fronteiras que limitem a vontade,
Nem barreiras que impeçam a procura,
Porque o mundo é um lugar sempre por descobrir.

Do tamanho do mundo de cada um
É também o tamanho dos seus sonhos…
Ninguém ousa sonhar com o que não imagina existir.

São sempre enormes os meus sonhos…

Benvinda Neves
Setembro 2013


sábado, 14 de setembro de 2013

natureza...

A natureza é o meu melhor antídoto 
só ela tem o total poder
de me equilibrar e renovar o espírito.







Benvinda Neves





sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Dias especiais...

Dias especiais...
(final do dia na praia do Guincho - Cascais)
11 Setembro 2013








em dias assim sentimos que
 estamos em harmonia com a natureza...

Benvinda Neves



Dias felizes…


(as duas primeiras imagens são da autoria da amiga Nela Gomes)


Dias felizes…

Há dias que sentimos são especiais, sem que tenhamos grande explicação para que assim seja.
São contrários, aos que dizemos: “hoje não devia ter saído de casa”. 
Por norma temos tendência a valorizar esses, em que tudo parece correr mal e esquecemos que há os outros, aqueles que são precisamente a antítese em que dizemos: “Hoje foi um dia maravilhoso”.

Pois hoje, foi um desses dias especiais em que tudo pareceu correr perfeito. Costumo dizer por brincadeira que os “astros estavam por mim”.

Posso resumir apenas numa frase curta, o sentimento predominante no dia de hoje:
 “prazer imenso de viver”.

Sinto-me transbordar de vida, como todas as vezes que escrevo que há algo tão grande cá dentro, que não cabe cá.
Nos dias em que me sinto assim, apetece-me pôr um grande sorriso, sair por aí, com cara de tonta, a sentir o mundo pulsar em todas as coisas e todos os lugares.

Nestes dias, todos os momentos são para registar e guardar da melhor forma que for capaz. Gravo cá dentro, fotografo e escrevo, porque nos “outros dias”, são estes registos que me dão força e ânimo.

Foi um dia marcado por conversas, sorrisos e simpatia. Penso que todo o planeta aderiu, pois curiosamente pareceu-me que todas as pessoas estavam especialmente simpáticas e me dispensaram palavras com sorrisos. Posso jurar que até os estranhos estavam com ar amistoso – e não com a normal indiferença.

A natureza estava divina, com aquelas cores quentes que me deixam a alma sonhadora e incendiada de desejos. Para remate, aquela brisa suave que afaga o corpo e renova o espirito. Até a areia parecia ter sido criada à medida da pele – macia e moldável.

Há dias assim, que não sabemos explicar porquê, mas nos sentimos mais vivos e em completa harmonia com o universo.

Dias como este, o universo presenteia-nos a dobrar – nascem-nos também sentimentos de enorme gratidão.

Benvinda Neves
11 Setembro 2013