quarta-feira, 31 de julho de 2013

Pedrinhas…



Pedrinhas…

Às vezes estamos tristes…
Porque estamos e porque temos vontade de assim ficar.
A tristeza nasce de muitas e muitas pedrinhas
Que guardamos cá dentro como se fossem preciosas,
Criamos estima por elas e arrumamos-las lá no fundo do nosso ser.

Então de vez em quando, sem que saibamos porquê,
É dia de as limparmos e de nos apegarmos a elas,
Como as nossas mais preciosas jóias.

Hoje resolvi limpar todo este incaracterístico tesouro…

Limpei a pedra do adeus e admirei-me,
Como me foi um dia tão próxima e hoje já quase nem é lembrança.

Limpei a pedra do talvez e dessa sorrio,
Pois quem sabe um dia talvez a ache mesmo encantadora.

Limpei a pedra da insegurança e pareceu-me estranho
Como segurei com tanta ternura uma pedra que nunca foi minha.

Limpei e admirei um espólio que vale apenas
A emoção que a ele me liga.

Confesso que a minha tristeza,
Nasce sempre da pedra que deixo para o fim…

Para o fim reservo sempre a pedra do silêncio,
Por muito que a limpe, por muito que a admire,
Nunca a conseguirei compreender.

Benvinda Neves
Julho 2013

terça-feira, 30 de julho de 2013

Seremos nós que espreitamos a vida... ou é a vida que nos espreita a nós?

Seremos nós que espreitamos a vida...
ou é a vida que nos espreita a nós?

às vezes só queremos que nos deixem estar...
não nos apetece sair do nosso canto,
mas a vida é um desafio constante, 
espreita-nos pelas janelas da alma,
mesmo quando pensamos 
que somos nós que a espreitamos...


Benvinda Neves
Julho 2013



domingo, 28 de julho de 2013

Um céu com nuvens é sempre um espectáculo...

Um céu com nuvens é sempre um espectáculo...
" amanhecer "





Benvinda Neves





Final de dia - 27 Julho 2013

Final de dia - 27 Julho 2013






Benvinda Neves





Gratidão à Vida…




Gratidão à Vida…

Se o amor nasce, como se diz, da necessidade
De tornarmos eterno tudo o que achamos valeu a pena,
Então eu sua fervorosa devota,
Ergo um grande Templo ao Amor,
Onde preservo todos os que são momentos
Que me eternizarão a felicidade.

Um altar à Paixão, coberto com toalhas frágeis e finas
Mas requintada-mente bordadas a beijos de ternura,
Que embelezam a vida e lhe dão as cores de tudo o que é desejo.

Estátuas abençoadas, que quando ousamos tocar,
Provocam arrepios que nos acordam a pele,
Abanando desde o fundo todo o corpo.

Rezas onde se agradece com prazer,
Todas vezes que um suspiro foi mais forte que qualquer grito.

Cânticos de alegria que nos fazem vibrar,
Sempre que sentimos
Que a vida só faz sentido quando se estende além de nós.

Ergo um grande templo de Gratidão à Vida,
Por tudo o que me deu
E por tudo o que tem ainda reservado em meu nome.


Benvinda Neves

Julho 2013


sexta-feira, 26 de julho de 2013

Cascais ao anoitecer - 26/07/2013

Cascais ao anoitecer - 26/07/2013





uma noite muito amena - mas adivinha-se chuva para amanhã.

Benvinda Neves




quinta-feira, 25 de julho de 2013

A um Amigo…


(o Bambu – “forte e frágil”, como o meu amigo)


A um Amigo…

Comove-me a velhice e quando penso nisso, nem sei explicar bem porquê.
Talvez por ela conter muita inocência e fragilidade, tal como a infância.
Costumam dizer-me a brincar, os que melhor me conhecem, que atraio especificamente três tipos de pessoas: “as crianças, os velhos e os loucos”.
Há bastante de verdade nesta minha propensão, sem que haja qualquer esforço da minha parte para provocar os acontecimentos. Mas o certo é que há uma simpatia mutua, que se manifesta quase sempre em sorrisos.

Tenho um amigo simpático com uma idade acima dos oitenta, que me desperta sorrisos sempre que o encontro. 
Vejo-o amiudamente, nas minhas deslocações diárias para o emprego. 
Lá está ele de pé junto ao portão, dobrado sobre a sua bengala, "espiolhando" os poucos carros que por aquela ruela passam, enquanto espera a sua boleia para o centro de dia.
Os nossos encontros são frequentes e reduzem-se a alguns minutos. O ritual repete-se como se fizesse já parte de uma parceria estabelecida entre nós.
Ele avista o meu carro e o sorriso enche-lhe o rosto, posso jurar que também lhe ilumina os olhos, tenta erguer a mão livre a tremelicar, como quem tem o poder de me parar o carro.
Encosto sempre o mais perto possível, mas os poucos passos que nos separam são feitos num cambalear desajeitado, num cai-não-cai, que me faz repetir todas as vezes as mesmas frases:“devagarinho amigo, muito cuidado para não cair…não tenha pressa que eu espero…”.
Mas ele com a sua “sabedoria de velho” sabe que a vida é feita de correria e tenta rápido alcançar a janela aberta, pois sabe que são poucos os minutos que lhe reservo.
Também são sempre iguais as suas frases e ouvirei amanhã, o que ouvi hoje, ontem e em todos os nossos encontros ao longo destes últimos anos…
“Olha a minha grande amiga…estava aqui à tua espera, gosto sempre de te ver, és linda e sempre foste muito minha amiga. Não podemos demorar muito a conversar, para não chegarmos atrasados ao trabalho”.
Sempre estes mimos pela manhã, enquanto me segura as mãos.
A seguir vem o seu rosário de queixas, o joelho que lhe dói e o impede de andar, o não poder ir à caça como antes… e as lágrimas que correm tão espontâneas quanto o sorriso.
A princípio a filha receava que ele me incomodasse e vinha tentar arranca-lo à janela do carro – mas ao longo do tempo foi percebendo que o prazer é reciproco.
Outro dia contei-lhe que conheço o pai há muitos anos, que costumávamos conversar muitas vezes, quando ele passava à minha porta para ir caçar.
Também lhe disse que  ficámos amigos há trinta e tal anos, no dia em que ele com o seu grande sorriso, genuíno como sempre foi, me deu um abraço e me disse meio embargado:
“Gostava tanto que fosses minha filha – não que eu não goste da minha filha, mas gosto de ti como de uma filha”. Repetiu-mo outras vezes.
Foi das frases mais lindas que alguém me dirigiu até hoje.
Bem sei que o meu velho amigo hoje já não sabe de onde me conhece, nem se lembra de quantas conversas tivemos, mas isso não importa, pois com a sua simplicidade e inocência, continuará a fazer-me comover, todas as vezes que me diz “sempre gostei de ti”.
Dos nossos encontros casuais, durante estes trinta e tal anos, dou e trago sempre sorrisos.

Benvinda Neves

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Um céu nunca cansa...

Um céu nunca cansa...





Benvinda Neves


Outra Primavera…



Outra Primavera…

Demoramos demasiado tempo a libertarmo-nos
De desilusões e angústias a que nos apegamos.
Pesos que nos puxam para baixo de vez em quando
E nos lembram que ainda lá estão.

A vida é como um rio, cujo caudal é variável,
Uns dias mais cheio, outros mais vazio,
Mas sempre outra água, que não pára de correr.
Assim os dias se sucedem,
Num tempo vertiginosamente sempre novo.

Somos aquela árvore sobre a margem do nosso rio,
A quem a natureza acidentalmente quebrou algumas pernadas,
Que vivem penduradas em nós,
Quase sem vida, mas sem que as queiramos soltar.

O rio enche e o rio vaza, o vento vem e agita-as,
Vacilamos e reajustamos o equilíbrio,
Mas elas permanecem lá agarradas,
Como que a lembrar-nos e a quem nos olha,
Que algo em nós se Partiu.

Mas na natureza nem o bem nem o mal são eternos,
Chega a altura em que o rio cresce e o seu caudal fica tão grande,
Que tudo limpa na sua tumultuosa passagem.

Um dia acordamos, depois de a torrente passar
E descobrimos com surpresa,
Que enquanto nos agarrámos com força para sobreviver,
Os nossos galhos moribundos se soltaram.

Afinal não eram vitais…
Nunca perceberemos porque os segurámos tanto tempo.

Estivemos tão apegados à dor dos nossos ramos partidos,
Que nem reparámos que já passou outra Primavera,
Temos ramos viçosos e fortes
E nem dávamos por eles…

Benvinda Neves

Julho 2013

terça-feira, 23 de julho de 2013

amanhecer do dia 23 de Julho 2013

amanhecer do dia 23 de Julho 2013
nestes últimos dias tem estado
 uma lua muito bonitinha...





Benvinda Neves



Uma Extraordinária Obra de Deus...

Uma Extraordinária Obra de Deus...

Magnifico final de dia,
capaz de encher de sonhos 
o coração de todos nós...







Benvinda Neves




sexta-feira, 19 de julho de 2013

Carcavelos - ao amanhecer.


Carcavelos - ao amanhecer.
19/07/2013





Benvinda Neves





Já Fui Gaivota…



Já Fui Gaivota…

Já houve um tempo em que fui gaivota,
E viajei pelo mundo, com outra igual a mim.
Éramos tão livres e destemidas quanto o vento,
Que corre louco sobre o mar, enseadas, falésias e praias.

Tínhamos a força da terra quente e fértil
E a vontade incansável das águas.

Sabíamos o cheiro de todas as praias
E todas as praias guardavam o nosso também.

Os nossos lábios eram quentes como sois
E os corpos salgados e frescos como a espuma das ondas.

Estendíamo-nos pelos tapetes coloridos ao longo da costa
E adormecíamos nas praias desertas debaixo dos luares de Verão.

Sabíamos a que sabem o Céu a Terra e o Mar,
Porque todos eram nossa casa por paixão.

Mas porque todo o céu, toda a terra e todo o mar…
Para algumas aves não chega,

Um dia, um de nós quebrou o encanto
E voltámos a ser humanos.

Benvinda Neves
Julho 2013

Somos como Dunas...

Somos como Dunas...
 moldados pelo tempo.

Às vezes temos tamanho maior,
 outros menor,
adquirindo formas diferentes
 ao longo dos anos.

É o tempo e as marés
que nos moldam...

Não deixamos no entanto 
de ser pequenos grãos de areia,
aglomerados na extensão do areal.

Só em conjunto formamos Dunas.





Benvinda Neves

quinta-feira, 18 de julho de 2013

adeus em tons de cinza...


adeus em tons de cinza...




soprava um vento frio, vindo da serra...
Verão vestido de Outono...

Benvinda Neves



quarta-feira, 17 de julho de 2013