segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Fui ver o mar …





Fui ver o mar …

O mar azul pintalgado de chumbo,
reflexo das nuvens negras que coroavam o céu,
compunha revolto num marejar incansável,
uma melodia inconstante,
desfeita em dedos gigantes de espuma.

Como pode a areia tão fina e delicada
abraçar tanto mar?

Mas ele, insistentemente cai-lhe nos braços,
Envolve-a, percorre-a, beija-a e liberta-se,
voltando sempre poderoso
em majestosas marés.

Serena ela não se cansa de o esperar.

Deleita-se quando ele se espraia sobre ela,
deixa-se moldar em cada onda, ao sabor da maré,
abandonando até parte de si ao mar amado.

Oiço o cantar que se liberta do encontro entre os dois,
que alheios à minha presença indiscreta,
nem reparam que ali estou.

Pois fui ver o mar…
E sem querer apanhei-o a namorar.

Benvinda Neves
Novembro 2012

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