domingo, 30 de dezembro de 2012
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
Esta minha alma nómada...
Esta minha alma nómada...
Esta minha alma
Nómada.
Falta-me a
inspiração…
Morreu-me a “veia”
e não sei que dizer…
Mas sei que quero
escrever e confessar em segredo,
Aquilo que ninguém
escuta, mesmo quando falo.
Parece que tudo
disse ou outros o disseram por mim
E contudo sinto que
nada disse ou se o disse, ninguém ouviu.
Tenho a alma cheia
e uma vida preenchida de vazio,
Que me deixa naufraga no vai e vem da maré.
A onda me leva a
onda me trás
E nesta constante
subida e descida
Estonteio por
encontrar terra que me aceite e me deixe descansar.
Já vi costas
verdejantes, com cores de luxuria, uma dádiva para a vista,
Cheias de
promessas de vida,
Que mais não foram
que ilusões.
Já vi costas
desertas, de oásis salpicadas, onde os ventos eram doces,
Com chamamentos
quentes,
Que mais não foram
que desenganos.
Foram costas e
mais costas avistadas do mar alto.
Umas visitei
outras só avistei,
Sempre levada pelas marés.
Já fui frágil e
invisível, tinha a leveza e a beleza da seda
E a aragem me
soprava sobre a espuma das ondas.
Mas nenhum ser se
mistura com a terra sem que ela o envolva.
Trago em mim,
bocados de todos os sítios por onde andei.
Das costas
verdejantes trouxe a luxuria das cores,
Que me devolvem o
sentimento e me dão a eterna vontade de sonhar.
Das costas
desertas trouxe o vento quente,
Que me tempera neste
mar imenso em que me desloco.
De todos os outros
lugares trouxe o que a mim se agarrou.
Adquiri peso e
robustez, já não viajo com a aragem sobre a espuma,
Mas à tona sobre
as ondas, com a força das marés.
Continuo a ser frágil,
mas os outros não o sabem.
Deixei de ser invisível,
porque tudo o que trouxe me deu volume.
Já não me comparo
à seda,
E muitos são os
que apreciam esta minha nova beleza.
É a minha alma
nómada ou o instinto de sobreviver,
Que a toda a hora
dita:
Flutuar…flutuar…
Navegar…navegar…navegar
até morrer,
Que esta minha
alma e vida cheias e ao mesmo tempo tão vazias,
Têm sede de novas
terras visitar,
Novas coisas aprender,
novas experiências viver,
Novos fragmentos
agarrar
Maior robustez
adquirir
E em cada porto
continuar sempre a crescer.
07 de Junho de 2012
Benvinda Neves
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Coração Cigano...
Coração cigano…
Louco e estonteado coração que não cabes cá dentro
E te soltas de mim
E te soltas de mim
Correndo pelo mundo, desenfreado e sem destino.
Como um artista
saltimbanco,
Sem eira nem beira,
Sem eira nem beira,
Percorres caminhos
E de terra em terra,
E de terra em terra,
Estendes o pano como um palco
E atrás dele improvisas mesmo sem público.
E atrás dele improvisas mesmo sem público.
Enche-te de amor e esperança a hora do espectáculo,
Que será sempre uma surpresa.
Que será sempre uma surpresa.
Então quando rodeado de palmas,
Gargalhadas e assobios,
Sentes-te ainda mais feliz
Gargalhadas e assobios,
Sentes-te ainda mais feliz
E o mundo resume-se a cada actuação no presente.
Pouco importa se haverá uma próxima.
É a alegria que reina,
A ilusão faz todos esquecerem a vida,
Num anestésico prazer
A ilusão faz todos esquecerem a vida,
Num anestésico prazer
E o riso é a histeria colectiva
Com que se mascaram as incertezas
E se esquecem passados.
Com que se mascaram as incertezas
E se esquecem passados.
Embebeda-te a paixão,
Que te faz renascer,
Com uma força surpreendentemente nova,
Que te faz renascer,
Com uma força surpreendentemente nova,
Que transforma em único
E sempre desejável cada dia.
E sempre desejável cada dia.
Porque cada dia trás novos sonhos,
Mas sobretudo a certeza de nunca ser repetido.
Mas sobretudo a certeza de nunca ser repetido.
Admiraste como ninguém
Todas as terras que percorreste,
Todas as terras que percorreste,
E cada uma à chegada,
Só pela beleza.
Pensaste que poderias ficar,
Só pela beleza.
Pensaste que poderias ficar,
Mas a certeza do mundo ser infinito
E de tanto o querer percorrer,
Fez-te nómada,
Como cigano solitário,
E de tanto o querer percorrer,
Fez-te nómada,
Como cigano solitário,
A quem basta partir para se
encher de esperança.
O mundo é um lugar maravilhoso
E igualmente estranho,
E igualmente estranho,
Onde a única certeza é nascer, viver e morrer.
Viver é querer incansavelmente conhece-lo,
Amá-lo e Percorre-lo até morrer...
Amá-lo e Percorre-lo até morrer...
Sempre em busca
da felicidade.
27 Dezembro 2012
Benvinda Neves
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
Que dizem os Olhos?
Que dizem os Olhos?
Que dizem os olhos?
Que dizem os olhos?
Apresentação do
individuo, linguagem da alma, transparência do ser.
Os olhos Confessam sentimentos e dizem palavras que a boca jamais
pronunciará.
Há olhos doces, sonhadores, receptivos que convidam ao diálogo,
Em cuja profundidade lemos
beleza, poesia, amor.
Olhos cujo tempo não
tem pressa, onde gostaríamos de nos perder.
Há olhos calculistas,
fechados, interrogadores, desconfiados.
Olhos com os quais
não queremos cruzar os nosso olhar,
Despertam mau estar,
arrepios, receio e levam-nos a retrair.
Há olhos ternos, onde
a infância não morreu apesar dos anos.
São meigos, sensíveis,
confessam-se sem querer,
Convidam-nos a
protege-los por não os querermos magoar.
Há olhos malandros,
atrevidos, provocadores, onde se adivinha aventura.
Olhos de conquista,
donos de um ego enorme, sempre insatisfeito.
Conhece-los é viajar
entre promessas, sonhos fugazes e loucos, paixão e desilusão.
Há olhos tristes, sofredores,
duros, amargurados,
Que de tão frágeis
sucumbiram ao peso da vida.
Não os queremos como
companhia, porque tanta tristeza e revolta contagia.
Há em todos olhos despreocupados,
sorridentes, amistosos, tristes, profundos,
Acomodados, ou
inquietos de desejo, sedentos de vida ou conformados.
Revelam quem somos e
o que sentimos.
Em todos os olhos também
choram.
Benvinda
Neves - Dezembro 2012
domingo, 23 de dezembro de 2012
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
domingo, 16 de dezembro de 2012
Homenagem à minha Infância...
Homenagem à minha Infância...
Não somos "fortes" ao acaso,
somos "
fortes" porque a vida assim nos faz.
(para ajudar a perceber o que escrevi,
como curiosidade para quem me conhece menos bem,
refiro que tive o meu primeiro par de sapatos aos 7 anos,
quando entrei para a Aldeia de Crianças SOS de Bicesse.
Que bem me recordo eram uma "tortura" para os meus pés).
Benvinda Neves
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
Esperança…
Esperança…
Sou
um barco pequeno construído em madeira,
Pintado
às barras em tons fortemente coloridos.
Antes
da minha primeira viagem,
Em
terra fui baptizado com o nome de “Esperança”.
Sobre
troncos rolei empurrado areal abaixo
E
foi assim que sem vontade própria, me fiz ao mar.
É o
mar que me dá vida,
Sem ele eu não faria sentido.
Sem ele eu não faria sentido.
Mas
é o mar também que me açoita e quase destrói,
Em
inúmeras investidas.
Este
mar caprichoso no qual e pelo qual vivo,
Mas não posso confiar.
Mas não posso confiar.
Em
dias amenos embala-me,
Balança-me e murmura-me
Balança-me e murmura-me
Deixando-me
suavemente
Envolvido em seus braços,
Até adormecer.
Envolvido em seus braços,
Até adormecer.
Em
dias de fúria, entre uivos animalescos,
Abana-me, empurra-me,
Abana-me, empurra-me,
Repudia-me e maltrata,
Dizendo que não lhe pertenço.
Quando
me questiono,
Sinto-me perdido nesta imensidão,
Sinto-me perdido nesta imensidão,
Pois
sou um barco pequeno,
Cuja morada é o mar infinito,
Cuja morada é o mar infinito,
Um
lar enorme...
Onde me posso perder ou mesmo morrer.
Onde me posso perder ou mesmo morrer.
Nos
dias em que decido apenas viver,
Sou
um barco pequeno, colorido e livre,
Que
pode percorrer qualquer maré sem se cansar,
Pois
navegar é meu destino
E a minha casa é o mar sem limites.
E a minha casa é o mar sem limites.
É o nome que me dá força,
Pois
como poderia sobreviver,
Se
meu nome não fosse “Esperança”?
Benvinda Neves
Novembro 2012
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Abraça-me…
Abraça-me…
Afaga-me entre os teus braços
e deixa-me suspirar e sonhar.
e deixa-me suspirar e sonhar.
Enlaça-me sobre o teu peito
e embala-me entre sussurros e suspiros.
Eleva-me na vontade louca destes momentos
a este mundo não pertencerem,
porque divina é a paixão quando nos arrasta
e nos leva a loucos sonhos que nunca alcançaremos.
Difícil dizer por palavras
aquilo que nem o sentir sabe explicar.
aquilo que nem o sentir sabe explicar.
Louca seria não a viver,
por a não saber descrever.
por a não saber descrever.
Abraça-me, abraça-me…
ainda que amanhã teu cheiro se dissolva
e em teus braços outros sonhos se escondam.
Abraça-me...
porque nem sei se é real este meu sonho,
porque nem sei se é real este meu sonho,
se o confundi de tanto desejo.
Abraça-me e embala-me…
no sussurrar da paixão.
no sussurrar da paixão.
Abraça-me agora,
porque amanhã a paixão tal como os sonhos,
dilui-se no tempo
e dela restará a dúvida entre o que foi real e imaginário,
mas do momento ficará sempre
o apertar dos teus braços
e este meu sorrir.
e este meu sorrir.
Benvinda Neves
Outubro 2012
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
Fui ver o mar …
Fui ver o mar …
O mar azul pintalgado de chumbo,
reflexo das nuvens negras que
coroavam o céu,
compunha revolto num marejar
incansável,
uma melodia inconstante,
desfeita em dedos gigantes de espuma.
desfeita em dedos gigantes de espuma.
Como pode a areia tão fina e delicada
abraçar tanto mar?
abraçar tanto mar?
Mas ele, insistentemente cai-lhe nos
braços,
Envolve-a, percorre-a, beija-a e
liberta-se,
voltando sempre poderoso
em majestosas marés.
em majestosas marés.
Serena ela não se cansa de o esperar.
Deleita-se quando ele se espraia
sobre ela,
deixa-se moldar em cada onda, ao sabor
da maré,
abandonando até parte de si ao mar
amado.
Oiço o cantar que se liberta do
encontro entre os dois,
que alheios à minha presença
indiscreta,
nem reparam que ali estou.
Pois fui ver o mar…
E sem querer apanhei-o a namorar.
Benvinda Neves
Novembro 2012
domingo, 9 de dezembro de 2012
O Homem Velho…
O
Homem Velho…
Cruzei-me
com ele, que se movia lentamente, pé ante pé agarrado à parede, amparado pelo torto
e puído guarda-chuva que tremulamente segurava como uma bengala.
Estava
com pressa, porque me aguardavam amigos para jantar, ainda pensei fingir não o
ver, para não perder tempo e chegar atrasada. Não tive coragem, pois pressa,
acho que tenho sempre, se não é por isto, é por aquilo, passo a vida a adiar
horas, porque vivo a correr.
Aproximei-me
sorrindo, disse-lhe um olá e estendi-lhe a mão, como outras tantas vezes que nos cruzamos, ofereceu-me um grande sorriso no rosto tão enrugado e com os olhos
brilhantes puxou-me para si e deu-me um beijo sonoro. Genuíno este beijo, deu-lhe
prazer, vi-o na satisfação com que me disse “sei que somos amigos, mas já não
sei de onde nos conhecemos. A menina mora aqui em Alvide?”
Senti ternura por tanta sinceridade, regressou
à fase da inocência, em que perguntar já não tem maldade. É este um dos
estatutos da muita idade. “Então não se lembra que moro ali em baixo e que
conversávamos algumas vezes quando passava para ir à caça?”.
“Ai
menina a caça…” lágrimas correm pelo seu rosto e fiquei com vontade de morder a
língua, como fico sempre que sou inoportuna no falar. “Choro eu e chora o meu
cão sempre que os outros por ali passam para ir caçar – ele só lhe falta falar…
para dizer que tal como eu gostava de ir. Mas já não consigo”. Tenta conter as
lágrimas que limpa com as costas das velhas mãos.
Não
sei que dizer e oiço-me desajeitada “então, então não fique assim triste, vê
como ainda consegue vir aqui tomar café, conversar com os seus amigos e fazer
tantas outras coisas de que gosta. Vá lá, temos que aceitar a vida como ela é”
“Pois
é…pois é, mas tem tanta coisa que já não consigo fazer…”
E
lá nos despedimos com ele a entrar no estabelecimento onde mais dois ou três da
mesma idade estão sentados em frente a copos vazios, com olhares distantes.
É
assim a velhice, despedirmo-nos aos poucos daquilo que nos dá prazer.
Talvez
não seja assim tão mau ir ficando sem memória.
24 de Março 2012
Benvinda Neves
Moram comigo a Solidão e a Alegria…
Moram comigo a Solidão
e a Alegria…
Coabitam em comunhão,
Numa união nem sempre pacífica.
Numa união nem sempre pacífica.
A Solidão é calma, tímida
E tão egoísta quanto um amante doentiamente ciumento.
Não me quer,
E tão egoísta quanto um amante doentiamente ciumento.
Não me quer,
Não por ser eu, mas
apenas porque não quer ninguém,
No entanto não me liberta.
Enreda-me em fios minuciosamente
esculpidos
Em momentos de tristeza.
Envolve-me cuidadosamente,
prendendo-me sempre que pode.
Às vezes fico de tal forma presa,
Que me esqueço de libertar a Alegria.
Que me esqueço de libertar a Alegria.
São muitas as vezes em me sinto bem
nas redes da Solidão,
Me deixo absorver pelos seus
silêncios
E até banhar em suas lágrimas.
E até banhar em suas lágrimas.
A Solidão leva-me ao mais fundo do
meu ser
E revela-me quem sou.
É também ela que me despe
E tira as máscaras dizendo que sou pequena e frágil.
E tira as máscaras dizendo que sou pequena e frágil.
Quando me entrego totalmente a ela,
não sou feliz
Mas às vezes não sei fugir-lhe.
Felizmente a Alegria também mora
comigo
E aprendeu a libertar-se sozinha,
Quando me esqueço de o fazer.
Quando me esqueço de o fazer.
Extrovertida, endiabrada, teimosa,
meio tonta,
Não suporta não ser lembrada
E solta-se com mais vida que a que tinha quando a esqueci.
E solta-se com mais vida que a que tinha quando a esqueci.
Aparece em todo o lado,
Nos sorrisos, nos olhos, nos gestos,
nos cheiros nas cores,
No céu, no vento, na terra, no mar.
Consigo vê-la em todos os lugares.
A Alegria é toda vida.
Contagiante, persistente,
Não desiste enquanto não me arrasta.
Não desiste enquanto não me arrasta.
Leva-me consigo a maior parte das
vezes,
Pois detesta andar sozinha.
Pois detesta andar sozinha.
É também a Alegria que me apresenta
ao mundo.
Sorridente, forte e decidida,
Faz-me acreditar que assim sou,
Faz-me acreditar que assim sou,
Sem me lembrar que é ela que me
envolve
E despreocupada se mostra.
E despreocupada se mostra.
A Alegria é dominante,
Estonteante como a paixão
E arrebatadora como o desejo.
E arrebatadora como o desejo.
Moram comigo a Solidão e a Alegria…
Mas a Alegria é a dona da minha casa.
Benvinda Neves
Outubro 2012
Hoje decidi partir…
" o adeus é como o luto,
cada um de nós tem o seu tempo"
Hoje decidi partir…
Escolhi uma nuvem,
alva, fofa e luminosa.
Vou deitar-me sobre
ela, de costas para a terra,
rosto num sorriso de
entrega ao céu
e olhos fixos no sol.
e olhos fixos no sol.
Vou deixar-me
ir…suave como um sopro,
de olhos fechados sem
me importar com a direcção,
pois sei para onde vou.
pois sei para onde vou.
Vou de volta para a
terra dos sonhos,
lá onde moro quase sempre.
lá onde moro quase sempre.
Aí o tempo não tem
contagem,
não se receia a
velhice a solidão ou a desilusão.
A luz é cristalina,
reflexo da beleza transparente da alma,
reflexo da beleza transparente da alma,
O sorriso é constante
e a vida é serena porque tudo é respeito e harmonia.
e a vida é serena porque tudo é respeito e harmonia.
Vim dizer adeus…
demoro nas despedidas,
demoro nas despedidas,
como uma rosa que sem
envelhecer,
sozinha se quisesse libertar de todos os seus espinhos.
sozinha se quisesse libertar de todos os seus espinhos.
Acho sempre que mais
havia para dizer...
Entristece-me o deixar cair os braços,
Entristece-me o deixar cair os braços,
o abandonar à morte
sem se tentar,
o desistir.
o desistir.
Aqui por baixo das
nuvens o tempo é rápido e enganador.
O vento é forte e
trás confissões que não são verdades,
o silêncio é um eco
ensurdecedor,
que cai como bátegas no fundo do ser,
magoando muito.
que cai como bátegas no fundo do ser,
magoando muito.
O Adeus é como o
luto,
Cada um de nós tem o seu tempo.
Cada um de nós tem o seu tempo.
Mas hoje encontrei
forma de me retirar…
Vou deitada numa
nuvem,
flutuando com a brisa suave,
flutuando com a brisa suave,
embalada neste chão
de sonhos,
rumo ao infinito.
rumo ao infinito.
Lá, onde um pássaro
pode ser apreciado só pelas suas cores,
onde as flores nunca
são colhidas,
onde o sol é quente, brilhante e eterno.
onde o sol é quente, brilhante e eterno.
Onde os Sentimentos são
a Essência dos Seres,
Onde a vida é definida como Amor.
Onde a vida é definida como Amor.
É nessa direcção que
me tento conduzir,
mesmo viajando lenta,
na minha nuvem branca,
É para lá que me dirijo.
Benvinda
Neves – Novembro. 2012
sábado, 8 de dezembro de 2012
Que te diz sobre mim a minha escrita?
Que te diz sobre mim a minha escrita?
Confissões da alma com
revolta e paixão
Dúvidas e mais dúvidas,
verdades e mentiras.
Rendilhado de palavras
ora no presente ora no passado,
Pulando o tempo como se
este não existisse,
Porque há sentires que
não têm anos,
Nascem e não sabemos
quando morrem.
Que dirão as palavras de alguém
insatisfeito
Que não sabe se participa
ou é espectadora.
Em dias como o de hoje
sou observadora,
Estou de fora a analisar
o íntimo.
Vazio…
É um vazio imenso que não
sei explicar
Como se a vida me tivesse
cansado tanto
Que a deixei esvaziar a
alma.
E estou tão cansada …
Tão grande tem sido o
esforço dispensado,
Que hoje só quero
deixar-me estar.
Noutros, revolta-me a
apatia,
Não quero sentir-me morta
em vida
E empurro-me entre gargalhadas,
Que por vezes me parecem espasmos,
Que por vezes me parecem espasmos,
E obrigo-me a participar.
Contraceno com o mundo,
Que constantemente me
troca as deixas e me faz improvisar.
Sou quase perfeita nesta
arte,
Tantas vezes improvisei
para não ficar perdida no palco,
Que as peças se sucedem
entre aplausos,
Sem que alguém dê pelos
lapsos.
Fico baralhada entre
ensaios, encenações
E momentos em que sou público.
E momentos em que sou público.
Leva-me ao rubro a
vontade de agradar
De tal forma é
importante, saber que fiz bem,
Que repito e me esgoto
até o conseguir.
Ninguém quer representar
para si mesmo,
Desilude-me o mundo
quando a mensagem não passa
E os vejo de olhar fixo,
como quem não entende.
Apetece-me gritar…
Gritar…
De revolta…
Dei tudo, tudo o que
havia em mim
E o mundo assistiu
impávido, sem reagir,
Porque tristemente não
conseguiu entender.
Outras são as vezes em
que o esforço compensa.
Aplaudem-me de pé entre
palmas e gargalhadas.
Dizem-me o quanto lhes
agradou
E que esperam que na
próxima me supere.
Esforço-me para que assim
seja…
Porque não quero
desiludir.
Esgoto-me e tanto me
canso,
Que chego a perder a
memória
E esqueço…
Nunca aconteceu, nunca
existiu.
E em dias como o de hoje,
Só resta o vazio…
Hoje só quero deixar-me
estar.
Benvinda Neves
20 de Março 2012
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