sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Esta minha alma nómada...

Esta minha alma nómada...














Esta minha alma Nómada.

Falta-me a inspiração…
Morreu-me a “veia” e não sei que dizer…
Mas sei que quero escrever e confessar em segredo,
Aquilo que ninguém escuta, mesmo quando falo.
Parece que tudo disse ou outros o disseram por mim
E contudo sinto que nada disse ou se o disse, ninguém ouviu.
Tenho a alma cheia e uma vida preenchida de vazio,
Que me deixa naufraga no vai e vem da maré.
A onda me leva a onda me trás
E nesta constante subida e descida
Estonteio por encontrar terra que me aceite e me deixe descansar.
Já vi costas verdejantes, com cores de luxuria, uma dádiva para a vista,
Cheias de promessas de vida,
Que mais não foram que ilusões.
Já vi costas desertas, de oásis salpicadas, onde os ventos eram doces,
Com chamamentos quentes,
Que mais não foram que desenganos.
Foram costas e mais costas avistadas do mar alto.
Umas visitei outras só avistei,
Sempre levada pelas marés.
Já fui frágil e invisível, tinha a leveza e a beleza da seda
E a aragem me soprava sobre a espuma das ondas.

Mas nenhum ser se mistura com a terra sem que ela o envolva.
Trago em mim, bocados de todos os sítios por onde andei.

Das costas verdejantes trouxe a luxuria das cores,
Que me devolvem o sentimento e me dão a eterna vontade de sonhar.
Das costas desertas trouxe o vento quente,
Que me tempera neste mar imenso em que me desloco.
De todos os outros lugares trouxe o que a mim se agarrou.
Adquiri peso e robustez, já não viajo com a aragem sobre a espuma,
Mas à tona sobre as ondas, com a força das marés.
Continuo a ser frágil, mas os outros não o sabem.
Deixei de ser invisível, porque tudo o que trouxe me deu volume.
Já não me comparo à seda,
E muitos são os que apreciam esta minha nova beleza.
É a minha alma nómada ou o instinto de sobreviver,
Que a toda a hora dita:

Flutuar…flutuar…
Navegar…navegar…navegar até morrer,
Que esta minha alma e vida cheias e ao mesmo tempo tão vazias,
Têm sede de novas terras visitar,
Novas coisas aprender, novas experiências viver,
Novos fragmentos agarrar
Maior robustez adquirir
E em cada porto continuar sempre a crescer.

07 de Junho de 2012
Benvinda Neves

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Morreu um Amigo...



Coração Cigano...





Coração cigano…

Louco e estonteado coração que não cabes cá dentro
E te soltas de mim
Correndo pelo mundo, desenfreado e sem destino.

Como um artista saltimbanco, 
Sem eira nem beira,
Percorres caminhos
E de terra em terra,
Estendes o pano como um palco
E atrás dele improvisas mesmo sem público.

Enche-te de amor e esperança a hora do espectáculo, 
Que será sempre uma surpresa.

Então quando rodeado de palmas, 
Gargalhadas e assobios, 
Sentes-te ainda mais feliz
E o mundo resume-se a cada actuação no presente.

Pouco importa se haverá uma próxima.

É a alegria que reina,
A ilusão faz todos esquecerem a vida,
Num anestésico prazer
E o riso é a histeria colectiva
Com que se mascaram as incertezas
E se esquecem passados.

Embebeda-te a paixão,
Que te faz renascer,
Com uma força surpreendentemente nova,
Que transforma em único
E sempre desejável cada dia.

Porque cada dia trás novos sonhos,
Mas sobretudo a certeza de nunca ser repetido.

Admiraste como ninguém
Todas as terras que percorreste,
E cada uma à chegada,
Só pela beleza.

Pensaste que poderias ficar,
Mas a certeza do mundo ser infinito
E de tanto o querer percorrer,
Fez-te nómada,
Como cigano solitário,
A quem basta partir para se encher de esperança.

O mundo é um lugar maravilhoso
E igualmente estranho,
Onde a única certeza é nascer, viver e morrer.

Viver é querer incansavelmente conhece-lo,
Amá-lo e Percorre-lo até morrer...

Sempre em busca da felicidade.

27 Dezembro 2012
Benvinda Neves

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

É aquele o Momento...


 É aquele o Momento...

Que dizem os Olhos?

 Que dizem os Olhos?


 




                                                                             
                                                                               

Que dizem os olhos?
Apresentação do individuo, linguagem da alma, transparência do ser.
Os olhos Confessam sentimentos e dizem palavras que a boca jamais pronunciará.

Há olhos doces, sonhadores, receptivos que convidam ao diálogo,
Em cuja profundidade lemos beleza, poesia, amor.
Olhos cujo tempo não tem pressa, onde gostaríamos de nos perder.

Há olhos calculistas, fechados, interrogadores, desconfiados.
Olhos com os quais não queremos cruzar os nosso olhar,
Despertam mau estar, arrepios, receio e levam-nos a retrair.

Há olhos ternos, onde a infância não morreu apesar dos anos.
São meigos, sensíveis, confessam-se sem querer,
Convidam-nos a protege-los por não os querermos magoar.

Há olhos malandros, atrevidos, provocadores, onde se adivinha aventura.
Olhos de conquista, donos de um ego enorme, sempre insatisfeito.
Conhece-los é viajar entre promessas, sonhos fugazes e loucos, paixão e desilusão.

Há olhos tristes, sofredores, duros, amargurados,
Que de tão frágeis sucumbiram ao peso da vida.
Não os queremos como companhia, porque tanta tristeza e revolta contagia.

Há em todos olhos despreocupados, sorridentes, amistosos, tristes, profundos,
Acomodados, ou inquietos de desejo, sedentos de vida ou conformados.
Revelam quem somos e o que sentimos.
Em todos os olhos também choram.

Benvinda Neves - Dezembro 2012

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Cai a neblina sobre o Amanhecer...

Cai a neblina sobre o Amanhecer...

quando se fica preso "no passado" dificilmente se consegue prosseguir

Benvinda Neves




domingo, 16 de dezembro de 2012

Homenagem à minha Infância...


 Homenagem à minha Infância...

Não somos "fortes" ao acaso, 
somos " fortes" porque a vida assim nos faz.


(para ajudar a perceber o que escrevi, 
como curiosidade para quem me conhece menos bem, 
refiro que tive o meu primeiro par de sapatos aos 7 anos, 
quando entrei para a Aldeia de Crianças SOS de Bicesse.
 Que bem me recordo eram uma "tortura" para os meus pés).


Benvinda Neves




Pintei-te...


Pintei-te...



quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Esperança…



Esperança…


Sou um barco pequeno construído em madeira,
Pintado às barras em tons fortemente coloridos.

Antes da minha primeira viagem,
Em terra fui baptizado com o nome de “Esperança”.
Sobre troncos rolei empurrado areal abaixo
E foi assim que sem vontade própria, me fiz ao mar.

É o mar que me dá vida,
Sem ele eu não faria sentido.
Mas é o mar também que me açoita e quase destrói,
Em inúmeras investidas.
Este mar caprichoso no qual e pelo qual vivo, 
Mas não posso confiar.
Em dias amenos embala-me,
Balança-me e murmura-me
Deixando-me suavemente
Envolvido em seus braços,
Até adormecer.

Em dias de fúria, entre uivos animalescos,
Abana-me, empurra-me, 
Repudia-me e maltrata,
Dizendo que não lhe pertenço.

Quando me questiono,
Sinto-me perdido nesta imensidão,
Pois sou um barco pequeno,
Cuja morada é o mar infinito,
Um lar enorme...
Onde me posso perder ou mesmo morrer.

Nos dias em que decido apenas viver,
Sou um barco pequeno, colorido e livre,
Que pode percorrer qualquer maré sem se cansar,
Pois navegar é meu destino 
E a minha casa é o mar sem limites.

É o  nome que me dá força,
Pois como poderia sobreviver,
Se meu nome não fosse “Esperança”?


 Benvinda Neves 
 Novembro 2012


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

É Noite e a Lua Deitada Sobre o Tejo...

É Noite e a Lua Deitada Sobre o Tejo...




Abraça-me…





Abraça-me…

Afaga-me entre os teus braços
e deixa-me suspirar e sonhar.
Enlaça-me sobre o teu peito
e embala-me entre sussurros e suspiros.
Eleva-me na vontade louca destes momentos
a este mundo não pertencerem,
porque divina é a paixão quando nos arrasta
e nos leva a loucos sonhos que nunca alcançaremos.
Difícil dizer por palavras
aquilo que nem o sentir sabe explicar.
Louca seria não a viver,
por a não saber descrever.

Abraça-me, abraça-me…
ainda que amanhã teu cheiro se dissolva
e em teus braços outros sonhos se escondam.
Abraça-me...
porque nem sei se é real este meu sonho,
se o confundi de tanto desejo.

Abraça-me e embala-me…
no sussurrar da paixão.
Abraça-me agora,
porque amanhã a paixão tal como os sonhos,
dilui-se no tempo
e dela restará a dúvida entre o que foi real e imaginário,
mas do momento ficará sempre
o apertar dos teus braços
e este meu sorrir.


Benvinda Neves

Outubro 2012

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Sedução é Alimento do Sonhador...


Fui ver o mar …





Fui ver o mar …

O mar azul pintalgado de chumbo,
reflexo das nuvens negras que coroavam o céu,
compunha revolto num marejar incansável,
uma melodia inconstante,
desfeita em dedos gigantes de espuma.

Como pode a areia tão fina e delicada
abraçar tanto mar?

Mas ele, insistentemente cai-lhe nos braços,
Envolve-a, percorre-a, beija-a e liberta-se,
voltando sempre poderoso
em majestosas marés.

Serena ela não se cansa de o esperar.

Deleita-se quando ele se espraia sobre ela,
deixa-se moldar em cada onda, ao sabor da maré,
abandonando até parte de si ao mar amado.

Oiço o cantar que se liberta do encontro entre os dois,
que alheios à minha presença indiscreta,
nem reparam que ali estou.

Pois fui ver o mar…
E sem querer apanhei-o a namorar.

Benvinda Neves
Novembro 2012

Na loucura do momento...



domingo, 9 de dezembro de 2012

O Homem Velho…

























O Homem Velho…
Cruzei-me com ele, que se movia lentamente, pé ante pé agarrado à parede, amparado pelo torto e puído guarda-chuva que tremulamente segurava como uma bengala.
Estava com pressa, porque me aguardavam amigos para jantar, ainda pensei fingir não o ver, para não perder tempo e chegar atrasada. Não tive coragem, pois pressa, acho que tenho sempre, se não é por isto, é por aquilo, passo a vida a adiar horas, porque vivo a correr.
Aproximei-me sorrindo, disse-lhe um olá e estendi-lhe a mão, como outras tantas vezes que nos cruzamos,  ofereceu-me um grande sorriso no rosto tão enrugado e com os olhos brilhantes puxou-me para si e deu-me um beijo sonoro. Genuíno este beijo, deu-lhe prazer, vi-o na satisfação com que me disse “sei que somos amigos, mas já não sei de onde nos conhecemos. A menina mora aqui em Alvide?”
 Senti ternura por tanta sinceridade, regressou à fase da inocência, em que perguntar já não tem maldade. É este um dos estatutos da muita idade. “Então não se lembra que moro ali em baixo e que conversávamos algumas vezes quando passava para ir à caça?”.
“Ai menina a caça…” lágrimas correm pelo seu rosto e fiquei com vontade de morder a língua, como fico sempre que sou inoportuna no falar. “Choro eu e chora o meu cão sempre que os outros por ali passam para ir caçar – ele só lhe falta falar… para dizer que tal como eu gostava de ir. Mas já não consigo”. Tenta conter as lágrimas que limpa com as costas das velhas mãos.
Não sei que dizer e oiço-me desajeitada “então, então não fique assim triste, vê como ainda consegue vir aqui tomar café, conversar com os seus amigos e fazer tantas outras coisas de que gosta. Vá lá, temos que aceitar a vida como ela é”
“Pois é…pois é, mas tem tanta coisa que já não consigo fazer…”
E lá nos despedimos com ele a entrar no estabelecimento onde mais dois ou três da mesma idade estão sentados em frente a copos vazios, com olhares distantes.
É assim a velhice, despedirmo-nos aos poucos daquilo que nos dá prazer. 
Talvez não seja assim tão mau ir ficando sem memória.

24 de Março 2012
Benvinda Neves 

Moram comigo a Solidão e a Alegria…



Moram comigo a Solidão e a Alegria…

Coabitam em comunhão, 
Numa união nem sempre pacífica.

A Solidão é calma, tímida
E tão egoísta quanto um amante doentiamente ciumento.
Não me quer, 
Não por ser eu, mas apenas porque não quer ninguém,

No entanto não me liberta.
Enreda-me em fios minuciosamente esculpidos
Em momentos de tristeza.
Envolve-me cuidadosamente, prendendo-me sempre que pode.

Às vezes fico de tal forma presa,
Que me esqueço de libertar a Alegria.

São muitas as vezes em me sinto bem nas redes da Solidão,
Me deixo absorver pelos seus silêncios
E até banhar em suas lágrimas.
A Solidão leva-me ao mais fundo do meu ser
E revela-me quem sou.
É também ela que me despe
E tira as máscaras dizendo que sou pequena e frágil.
Quando me entrego totalmente a ela, não sou feliz
Mas às vezes não sei fugir-lhe.

Felizmente a Alegria também mora comigo
E aprendeu a libertar-se sozinha,
Quando me esqueço de o fazer.

Extrovertida, endiabrada, teimosa, meio tonta,
Não suporta não ser lembrada
E solta-se com mais vida que a que tinha quando a esqueci.

Aparece em todo o lado,
Nos sorrisos, nos olhos, nos gestos, nos cheiros nas cores,
No céu, no vento, na terra, no mar.
Consigo vê-la em todos os lugares.

A Alegria é toda vida.
Contagiante, persistente, 
Não desiste enquanto não me arrasta.
Leva-me consigo a maior parte das vezes, 
Pois detesta andar sozinha.

É também a Alegria que me apresenta ao mundo.
Sorridente, forte e decidida,
Faz-me acreditar que assim sou,
Sem me lembrar que é ela que me envolve
E despreocupada se mostra.

A Alegria é dominante,
Estonteante como a paixão
E arrebatadora como o desejo.

Moram comigo a Solidão e a Alegria…
Mas a Alegria é a dona da minha casa.


Benvinda Neves
Outubro 2012




Hoje decidi partir…


" o adeus é como o luto,
cada um de nós tem o seu tempo"


Hoje decidi partir…



Escolhi uma nuvem, alva, fofa e luminosa.
Vou deitar-me sobre ela, de costas para a terra,
rosto num sorriso de entrega ao céu
e olhos fixos no sol.

Vou deixar-me ir…suave como um sopro,
de olhos fechados sem me importar com a direcção, 
pois sei para onde vou.
Vou de volta para a terra dos sonhos,
lá onde moro quase sempre.

Aí o tempo não tem contagem,
não se receia a velhice a solidão ou a desilusão.
A luz é cristalina, 
reflexo da beleza transparente da alma,
O sorriso é constante
e a vida é serena porque tudo é respeito e harmonia.

Vim dizer adeus…
demoro nas despedidas,
como uma rosa que sem envelhecer, 
sozinha se quisesse libertar de todos os seus espinhos.

Acho sempre que mais havia para dizer...
Entristece-me o deixar cair os braços,
o abandonar à morte sem se tentar,
o desistir.

Aqui por baixo das nuvens o tempo é rápido e enganador.
O vento é forte e trás confissões que não são verdades,
o silêncio é um eco ensurdecedor,
que cai como bátegas no fundo do ser,
magoando muito.

O Adeus é como o luto,
Cada um de nós tem o seu tempo.

Mas hoje encontrei forma de me retirar…
Vou deitada numa nuvem,
flutuando com a brisa suave,
embalada neste chão de sonhos, 
rumo ao infinito.

Lá, onde um pássaro pode ser apreciado só pelas suas cores,
onde as flores nunca são colhidas,
onde o sol é quente, brilhante e eterno.
Onde os Sentimentos são a Essência dos Seres,
Onde a vida é definida como Amor.

É nessa direcção que me tento conduzir,
mesmo viajando lenta, na minha nuvem branca,
É para lá que me dirijo.

Benvinda Neves – Novembro. 2012


sábado, 8 de dezembro de 2012

Que te diz sobre mim a minha escrita?



Que te diz sobre mim a minha escrita?

Confissões da alma com revolta e paixão
Dúvidas e mais dúvidas, verdades e mentiras.

Rendilhado de palavras ora no presente ora no passado,
Pulando o tempo como se este não existisse,
Porque há sentires que não têm anos,
Nascem e não sabemos quando morrem.

Que dirão as palavras de alguém insatisfeito
Que não sabe se participa ou é espectadora.

Em dias como o de hoje sou observadora,
Estou de fora a analisar o íntimo.
Vazio…

É um vazio imenso que não sei explicar
Como se a vida me tivesse cansado tanto
Que a deixei esvaziar a alma.

E estou tão cansada …
Tão grande tem sido o esforço dispensado,
Que hoje só quero deixar-me estar.

Noutros, revolta-me a apatia,
Não quero sentir-me morta em vida
E empurro-me entre gargalhadas,
Que por vezes me parecem espasmos,
E obrigo-me a participar.

Contraceno com o mundo,
Que constantemente me troca as deixas e me faz improvisar.

Sou quase perfeita nesta arte,
Tantas vezes improvisei para não ficar perdida no palco,
Que as peças se sucedem entre aplausos,
Sem que alguém dê pelos lapsos.

Fico baralhada entre ensaios, encenações 
E momentos em que sou público.

Leva-me ao rubro a vontade de agradar
De tal forma é importante, saber que fiz bem,
Que repito e me esgoto até o conseguir.

Ninguém quer representar para si mesmo,
Desilude-me o mundo quando a mensagem não passa
E os vejo de olhar fixo, como quem não entende.

Apetece-me gritar…
Gritar…
De revolta…
Dei tudo, tudo o que havia em mim
E o mundo assistiu impávido, sem reagir,
Porque tristemente não conseguiu entender.

Outras são as vezes em que o esforço compensa.
Aplaudem-me de pé entre palmas e gargalhadas.
Dizem-me o quanto lhes agradou
E que esperam que na próxima me supere.

Esforço-me para que assim seja…
Porque não quero desiludir.
Esgoto-me e tanto me canso,
Que chego a perder a memória

E esqueço…
Nunca aconteceu, nunca existiu.

E em dias como o de hoje,
Só resta o vazio…
Hoje só quero deixar-me estar.


Benvinda Neves
20 de Março 2012